Era o tempo do suor, do contrato amargo,
Onde o sol queimava, e o trabalho era um fardo.
O contratado curvava o corpo na terra,
Enquanto a promessa de justiça era só guerra.
Nos campos, no chão, ele dava sua vida,
Por migalhas recebidas, esperança perdida.
A colheita era vasta, mas não para ele,
Era o patrão que engordava, de pele com a pele.
E o patrão negro, agora em posição,
De barriga grande, repleto de ambição,
Esqueceu os grilhões que um dia lhe prenderam,
E reproduziu as correntes que nele viveram.
O ciclo se repetia, a história seguia,
Do colonial ao presente, só a cor se vestia.
O contratado, ainda pobre, seguia o destino,
Enquanto o patrão sorvia o seu vinho.
Mas o vento das vozes não se cala por muito,
E no silêncio da terra ecoa o tumulto.
Um dia, o contratado levantará a mão,
E virá a revolta, a libertação.
Pois não há barrigas que possam esconder,
A fome de justiça, o direito de viver.
E o patrão, seja ele de cor ou de lei,
Será lembrado como o peso que um dia quebrei.
Sofrido das Chagas