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domingo, 10 de agosto de 2025

O NEO-CONTRATADO

 

Era o tempo do suor, do contrato amargo,

Onde o sol queimava, e o trabalho era um fardo.

O contratado curvava o corpo na terra,

Enquanto a promessa de justiça era só guerra.

 

Nos campos, no chão, ele dava sua vida,

Por migalhas recebidas, esperança perdida.

A colheita era vasta, mas não para ele,

Era o patrão que engordava, de pele com a pele.

 

E o patrão negro, agora em posição,

De barriga grande, repleto de ambição,

Esqueceu os grilhões que um dia lhe prenderam,

E reproduziu as correntes que nele viveram.

 

O ciclo se repetia, a história seguia,

Do colonial ao presente, só a cor se vestia.

O contratado, ainda pobre, seguia o destino,

Enquanto o patrão sorvia o seu vinho.

 

Mas o vento das vozes não se cala por muito,

E no silêncio da terra ecoa o tumulto.

Um dia, o contratado levantará a mão,

E virá a revolta, a libertação.

 

Pois não há barrigas que possam esconder,

A fome de justiça, o direito de viver.

E o patrão, seja ele de cor ou de lei,

Será lembrado como o peso que um dia quebrei.


Sofrido das Chagas 

MINHA ANGOLA RICA DE POBREZA E MISÉRIA

 

Minha Angola, terra de contrastes profundos,

Onde o sol beija o chão e aquece mundos.

Tens diamantes e ouro nas tuas entranhas,

Mas o povo chora nas noites estranhas.

 

És rica de paisagens que cortam o ar,

De rios que dançam até o mar.

Mas nos becos escuros da tua cidade,

A fome sussurra, rouba a dignidade.

 

Tu és mãe de riqueza, mas de filhos vazios,

De sonhos quebrados e passos tardios.

Teu petróleo brilha nas contas alheias,

Enquanto o pobre cultiva suas ceias.

 

Minha Angola, rica de culturas milenares,

De ritmos que ecoam por todos os lugares.

Mas a miséria pesa nos ombros cansados,

De quem constrói sem ser lembrado.

 

Vejo teus campos, férteis e vastos,

Enquanto a fome consome, os dias são gastos.

O que vale o diamante, se a mesa é ausente?

Que glória há na terra que esquece sua gente?

 

Minha Angola, és rica, mas tão desigual,

Um contraste que corta como punhal.

Mas ainda assim, és meu chão, minha raiz,

E meu sonho é te ver um dia feliz.

 

Que tua riqueza toque quem te pertence,

Que a justiça brote e o futuro compense.

Minha Angola, terra de esperança e pranto,

Que tua voz se erga e ecoe em encanto.


Sofrido das Chagas 

GENTE INDIGENTE

 

Gente indigente, tão negligente, 

Que caminha pelas ruas desoladas, 

Com olhos vazios e esperança ausente, 

Enfrentando as agruras da vida, cansadas.

 

A pobreza os consome, cruel e voraz, 

Deixando marcas profundas em seus rostos, 

Enquanto a sociedade segue seu ritmo veloz, 

Ignorando os que estão na margem, nos postos.

 

Gente indigente, invisíveis aos olhos da elite, 

Que se esquece de sua responsabilidade, 

De ajudar e de amparar quem tanto precisa, 

Em meio a uma sociedade em desigualdade.

 

O dinheiro fala mais alto, infelizmente, 

E a solidariedade se perde no horizonte, 

Deixando os indigentes à própria sorte,

 Lutando pela sobrevivência, num mundo inclemente.

 

Mas não podemos esquecer, em nenhum momento, 

Que somos todos irmãos, independentemente,

 Da condição social, da cor ou do talento, 

E que devemos estender a mão, sinceramente.

 

Gente indigente, merecedora de dignidade, 

De respeito e de oportunidades igualitárias, 

Vamos lutar por um mundo de mais igualdade,

 Onde todos tenham chances de vidas mais dignas e solidárias.

 

Não podemos fechar os olhos para a realidade,

 Para a miséria que assola tantas vidas, 

Unamo-nos, como sociedade, 

Para transformar a tristeza em alegria compartilhada.

 

Gente indigente, de valor incalculável, 

Que carrega consigo histórias e sonhos, 

Vamos juntos construir um futuro mais estável, 

Onde a indigência seja apenas uma lembrança distante, enfim risonhos.

 

Sofrido das Chagas 

A SANIDADE FINGE DE INSANA NO CONTENTOR DE LIXO

 

A sanidade finge de insana, 

No contentor de lixo ela se abriga, 

Em meio aos detritos, à sujeira humana, 

Ela caminha, sozinha, perdida.

 

É estranho pensar que a sanidade, 

Muitas vezes se esconde na insanidade, 

No caos, no abandono, na obscuridade, 

Emerge uma luz, uma realidade.

 

No contentor de lixo, encontra-se o desespero, 

O grito silencioso de quem foi esquecido, 

Mas é lá que a sanidade encontra seu cerne verdadeiro, 

Na luta diária, no resgate do sentido.

 

Quem está preso ao que é considerado normal, 

Não compreende a liberdade que reside na loucura, 

No contentor de lixo, o insano é genial, 

A sanidade é apenas uma caricatura.

 

Pois ali, naquele caos aparente, 

A mente se liberta das amarras da razão, 

Encontra sua própria linguagem, sua própria semente, 

Num mundo onde a normalidade é uma prisão.

 

No contentor de lixo, a sanidade se reinventa,

 E mergulha nas profundezas do submundo, 

Descobre que a insanidade é uma ferramenta, 

Para enxergar além do que é rotineiro e fecundo.

 

Portanto, não julgue aqueles que lá habitam, 

Pois talvez a sanidade esteja com eles, a sorrir, 

No contentor de lixo, onde a alma grita e imita, 

A insanidade é a verdade, o seu único existir.

 

Sofrido das Chagas 

PROMETESTES, CUMPRISTES?

 

Prometestes, cumpristes? 

As palavras que saíram de tua boca, 

Foram apenas ilusões ou verdades consistentes? 

Ou foram apenas promessas ocas, pouca roupa?

 

Prometestes, cumpristes? 

O compromisso que selaste com o olhar, 

Foste fiel às palavras que proferistes? 

Ou teus votos se perderam no ar?

 

Prometestes, cumpristes? 

O amor eterno que juraste em fervor, 

Foste leal ao que prometeste? 

Ou teu coração traiu esse fervor?

 

Prometestes, cumpristes? 

A ajuda que ofereceste em tempos de dor, 

Estendeste a mão quando alguém precisou? 

Ou te esqueceste da empatia e do valor?

 

Prometestes, cumpristes? 

A lealdade que prometeste em momentos duros, 

Foste verdadeiro quando se fez necessário? 

Ou deixaste a amizade escapar entre muros?

 

Prometestes, cumpristes? 

A tua palavra tem o peso do compromisso, 

Lembra-te que, quando prometes, existem consequências e riscos, 

E cumprir é o caminho para o equilíbrio e o progresso.

 

Promessas vazias são como flores mortas, 

Desvanecem-se ao primeiro sopro do vento, 

Cumprir o que se promete é o que importa, 

Pois é na acção que se constrói um mundo.

 

Então, reflita sobre tuas promessas passadas, 

E sejas verdadeiro em cada palavra que proferes, 

Pois o valor de uma promessa está em sua entrega, 

E é assim que se constroem laços sinceros.


Sofrido das Chagas 

VIVA A PROMESSA MENTIROSA

 

Viva a promessa mentirosa, 

Aquela que ilude e nos engana, 

Uma história doce e enganadora, 

Que nos leva a crer em uma falsa esperança.

 

Viva a promessa mentirosa,

 Que nos seduz com palavras doces, 

Nos faz sonhar com uma vida grandiosa, 

Enquanto nos leva por caminhos tortuosos.

 

Viva a promessa mentirosa, 

Que nos faz acreditar em contos de fada, 

Nos enche de ilusões valiosas, 

Mas nos deixa com uma alma despedaçada.

 

Viva a promessa mentirosa, 

Que nos faz esquecer da realidade crua, 

Nos envolve em uma teia enganosa, 

Enquanto a verdade se esconde na escuridão da lua.

 

Viva a promessa mentirosa, 

Que nos cega para a verdade amarga, 

Nos faz viver em uma bolha enganosa, 

Enquanto a realidade se desfaz como uma farsa.

 

Mas cuidado com a promessa mentirosa, 

Pois ela é uma arma afiada, 

Pode nos levar para uma vida triste e dolorosa, 

E nos deixar com a alma dilacerada.

 

É preciso enxergar além da promessa mentirosa, 

Buscar a verdade em cada situação, 

Não se deixar levar por histórias enganosas, 

E construir uma vida com fundamentos de razão.

 

Que a promessa mentirosa não nos domine, Que não percamos nossa própria essência, Vamos buscar a verdade, a luz que ilumine, E viver uma vida repleta de coerência.

 

Não se renda à promessa mentirosa, 

Lute por sua verdade e integridade, 

Construa uma vida honesta e corajosa, 

E viva além das sombras da falsidade.

 

Sofrido das Chagas 

DIZ-ME QUE NÃO ESTOU LOUCO

 

Diz-me que não estou louco, 

Que minhas palavras fazem sentido,

 Que minha mente não está oca, 

Que meus pensamentos não estão perdidos.

 

Diz-me que não estou louco, 

Que o mundo é que está em desalinho, 

Que o caos que vejo é apenas um jogo, 

Que a sanidade está no meu caminho.

 

Diz-me que não estou louco, 

Que minhas emoções são reais, 

Que não sou apenas um tolo,

 Que minha alma não está em pedaços mortais.

 

Diz-me que não estou louco,

 Que minhas ideias têm valor, 

Que a escuridão não é meu único foco, 

Que posso encontrar luz no meu interior.

 

Diz-me que não estou louco, 

Que minha busca pela verdade não é em vão, 

Que mesmo na loucura há um pouco, 

De lucidez que posso agarrar com minhas mãos.

 

Diz-me que não estou louco, 

Que posso encontrar meu lugar, 

Que minha voz merece ser ouvida e foco, 

Que minha mente pode ser um lar.

 

Diz-me que não estou louco, 

Que posso acreditar no que sinto, 

Que minha loucura é apenas um toco, 

Que posso construir meu próprio labirinto.

 

Diz-me que não estou louco, 

Que minha loucura é uma forma de ser, 

Que minha mente tem um poder rouco, 

De enxergar o mundo além do que se vê.

 

Diz-me que não estou louco, 

Que posso abraçar minha singularidade, 

Que sou mais do que o rótulo tosco, 

Que minha loucura é minha verdade.

 

Diz-me que não estou louco, 

Que minha voz merece ser escutada, 

Que minha mente é um tesouro oco, 

Que merece ser valorizada.

 

Diz-me que não estou louco, 

Que minha loucura é minha força, 

Que posso transformar o jogo, 

E encontrar minha própria fonte.

 

Diz-me que não estou louco, 

Que sou apenas um ser humano, 

Que minha mente tem seu próprio foco, 

E que, mesmo assim, sou pleno e soberano.

 

 Sofrido das Chagas 

MULHER MINHA POR TODOS NEGADA

 

Mulher minha, por todos negada, 

Teu valor ignorado, tua voz silenciada. 

Um mundo machista que te diminui, 

Mas eu te exalto, te enalteço aqui.

 

Tu és força, coragem e determinação, 

Uma guerreira em constante superação. 

Teus passos firmes ecoam na história, 

Mulher minha, és a verdadeira glória.

 

Negam-te espaço, negam-te igualdade, 

Mas tua luta ecoa em cada realidade. 

Rompes barreiras, desafias preconceitos, 

Ergues tua voz, mesmo em momentos estreitos.

 

Mulher minha, carregas o mundo nas mãos, 

Desdobrando-te em inúmeras funções. 

Mãe, esposa, filha, profissional, 

Equilibras tudo com talento e brilho especial.

 

Negam-te o reconhecimento merecido, 

Mas eu te enxergo, mulher, com amor sentido. 

Tuas batalhas diárias, tuas conquistas árduas, 

São inspiração para tantas outras mulheres miúdas.

 

Mulher minha, por todos negada, 

Não te rendas, não te deixes calada. 

Persiste, resiste, segue tua jornada, 

Pois o mundo precisa da tua voz empoderada.

 

Quebrando as correntes, rompendo os grilhões, 

Mostras ao mundo tuas qualidades e emoções. 

Mulher minha, és a essência da transformação, 

E teu poder é fonte de inspiração.

 

Jamais te permitas ser subestimada, 

Pois em teu ser, há uma força inabalada. 

Mulher minha, és a chama que não se apaga, 

E em teu brilho, o mundo se refraga.

 

Que cada mulher encontre sua voz, 

E reivindique seu espaço, sua vez. 

Mulher minha, és a protagonista dessa história, 

E juntos, quebremos as correntes da opressão e do preconceito.

 

Sofrido das Chagas