domingo, 10 de agosto de 2025

O NEO-CONTRATADO

 

Era o tempo do suor, do contrato amargo,

Onde o sol queimava, e o trabalho era um fardo.

O contratado curvava o corpo na terra,

Enquanto a promessa de justiça era só guerra.

 

Nos campos, no chão, ele dava sua vida,

Por migalhas recebidas, esperança perdida.

A colheita era vasta, mas não para ele,

Era o patrão que engordava, de pele com a pele.

 

E o patrão negro, agora em posição,

De barriga grande, repleto de ambição,

Esqueceu os grilhões que um dia lhe prenderam,

E reproduziu as correntes que nele viveram.

 

O ciclo se repetia, a história seguia,

Do colonial ao presente, só a cor se vestia.

O contratado, ainda pobre, seguia o destino,

Enquanto o patrão sorvia o seu vinho.

 

Mas o vento das vozes não se cala por muito,

E no silêncio da terra ecoa o tumulto.

Um dia, o contratado levantará a mão,

E virá a revolta, a libertação.

 

Pois não há barrigas que possam esconder,

A fome de justiça, o direito de viver.

E o patrão, seja ele de cor ou de lei,

Será lembrado como o peso que um dia quebrei.


Sofrido das Chagas 

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