terça-feira, 29 de julho de 2025

MULHER ZUNGUEIRA



Mulher Zungueira, bravura em seu olhar,

Caminhando pelas ruas com força e determinação,

Equilibrando esperanças no c
esto a carregar,

Vendendo sonhos e resistindo ao sofrimento.

 

Na cabeça, a carga pesada do dia a dia,

Frutas, legumes e verduras a oferecer,

Com seu sorriso, acolhe a melancolia,

Transformando a rotina em arte de viver.

 

Mulher Zungueira, mestre da negociação,

Seu talento em regatear é uma poesia,

 Pelas ruas de Luanda, a sua voz se faz canção,

Com destreza, encontra a alegria.

 

Dos mercados aos cantos da cidade,

Ela escreve sua história com determinação,

Superando adversidades com serenidade,

Um exemplo de coragem e superação.

 

Mulher Zungueira, guerreira da sobrevivência,

Que enfrenta a fome com amor e gratidão,

Transforma a luta em uma dança de resistência,

Construindo uma vida com sua própria mão.

 

Seus passos firmes ecoam na calçada,

Empoderamento em cada gesto seu,

Mulher Zungueira, voz calada,

Mas que ecoa no coração de quem a vê.

 

Nas vielas estreitas, sua presença reluz,

Um símbolo de trabalho e perseverança,

Mulher Zungueira, mulher que conduz,

 A esperança de uma vida com esperança.

 

Mulher Zungueira, guerreira destemida,

Seu legado transcende o tempo e o espaço,

Com sua força, a vida é colorida,

Sua presença é um presente e um abraço.

 

Que o mundo aprenda com sua resiliência,

Valorize seu papel na sociedade,

Mulher Zungueira, sua existência,

É um exemplo de luta e equidade.

 

Mulher Zungueira, seu nome é poesia,

Escrita nas ruas, nas histórias de amor,

Você é a voz que clama por justiça e alegria,

Elevando seu espírito, vencedora, lutadora.

 

Mulher Zungueira, eternize seu legado,

Seu trabalho árduo e sua dedicação,

Você é o pilar dessa sociedade,

Mulher Zungueira, símbolo de superação.

 

Zungueira é minha, tua, nossa mãe, irmã, prima, vizinha, esposa.


                                                                             Sofrido das Chagas 

ÓRFÃO DE ATENÇÃO

  

Órfão de atenção, assim me sinto perdido, 

Em um mundo que parece me esquecer, 

Ansiando por um afago, um abraço acolhido,

 Um olhar que me faça renascer.

 

Procuro pelas migalhas de afeto no horizonte, 

Pelos resquícios de cuidado em cada interação, 

Mas apenas encontro o vazio, o confronto, 

Um órfão de atenção em busca de compreensão.

 

Oh, como eu desejaria ser notado, 

Ter meu coração envolto em ternura e zelo, 

Mas sigo pelos dias, às vezes cansado, 

Um órfão de atenção, ansiando por um elo.

 

Escrevo esse poema como um grito de desamparo, 

Uma voz que clama por um gesto de amor, 

Um pedido para ser visto, um brilho amparo, 

Para preencher o vazio que me consome, clamor.

 

Que este poema encontre o olhar atento, 

De alguém que possa compreender minha dor, 

Que enxergue além do órfão, o sentimento, 

E traga alívio, cuidado e calor.

 

Que ele seja um lembrete da minha existência, 

Do amor que habita um coração solitário, 

Que alcance almas com doçura e resistência, 

E cure a ferida do órfão de atenção no itinerário.

 

E assim, o órfão de atenção se faz poesia, 

Um pedido para ser amado e compreendido, 

Em versos delicados, uma busca incessante, 

Por um abrigo de afeto em um mundo tão perdido.

 

Pois, mesmo como órfão, meu amor é profundo, 

E anseia por uma conexão verdadeira, 

No silêncio, sigo buscando, vagando pelo mundo, 

Um órfão de atenção que anseia por uma vida inteira.


Sofrido das Chagas 

SOLIDÃO ABAFADA

 


 

Na quietude de uma noite solitária,

A escuridão envolve minha alma,

Um cântico de amor em meio à calma.

 

Na imensidão dos meus pensamentos,

Sinto o eco da ausência que me invade,

Uma tristeza profunda, subtil tormento,

Uma solidão que se torna minha companhia, ávida.

 

Solidão abafada, um paradoxo cruel,

Pois sinto sua falta mesmo no meio da multidão,

Em um mundo repleto de rostos e véus,

Minha alma anseia pela sua presença, em vão.

 

Procuro pelos traços do seu sorriso,

Pelos traços do seu amor em meu caminho,

Mas apenas encontro um vazio impreciso,

Uma solidão abafada, um desejo sozinho.

 

Ah, como eu desejaria ter você ao meu lado,

Para dissipar essa solidão que me consome,

Mas a vida nos separou, destino marcado,

E agora a solidão abafada é meu único nome.

 

Então, escrevo esse poema com fervor,

Como uma canção que ecoa no silêncio,

Uma tentativa de aplacar essa dor,

De encontrar conforto na solidão e no incenso.

 

Que este poema seja minha voz sussurrante,

Um grito contido, uma melodia engasgada,

Expressando o amor que me faz arder constante,

Na solidão abafada, em minha alma atormentada.

 

Que ele encontre seus ouvidos um dia,

E revele o amor que nunca foi declarado,

Porque mesmo distante, minha alma sempre te queria,

Na solidão abafada, meu coração aprisionado.

 

E assim, a solidão abafada se faz poesia,

Expressando o amor que em meu peito arde,

Em versos melancólicos, minha alma vazia,

Encontrando na escrita um alento, uma forma de partir o gelo, guarde.

 

Pois mesmo na solidão, meu amor é verdadeiro,

E no silêncio, ele encontra sua voz e se eleva,

Na solidão abafada, meu coração é inteiro,

E em cada palavra, a esperança renasce, se revela.


Sofrido das Chagas 

MEU DESESPERO

 

 

No vazio de uma noite sombria,

Onde meu coração solitário ardia,

Nasceu o verso triste, meu desespero,

Um poema de amor sem paradeiro.

 

Nele, expresso a dor que me invade,

A ausência do seu toque que me seduz,

Em cada palavra, a saudade aflora,

Como um eco de uma paixão agora ida embora.

 

Meu desespero, confuso e profundo,

Revela o amor que ficou preso em segundo,

Um sentimento intenso e tão puro,

Que agora é apenas um sonho inseguro.

 

Procuro por sua sombra em cada esquina,

Pelos resquícios do seu amor em cada rima,

Mas apenas encontro lembranças e melancolia,

Em um coração partido que ainda sonha com alegria.

 

Ah, como eu desejaria ter você aqui,

Para apagar com um beijo essa tristeza em mim,

Mas o destino cruel nos separou,

E agora meu desespero é o que restou.

 

Então, eu escrevo esse poema de amor,

Como um grito de socorro ao universo, clamor,

Na esperança de que um dia você possa ouvir,

E entender o quanto meu desespero é por você existir.

 

Que este poema eternize meu sentimento,

Mesmo que eu nunca mais esteja no teu aposento,

Que ele seja a prova de um amor não vivido,

Um desespero, um grito, um suspiro sentido.

 

E assim, meu desespero se transforma em poesia,

Amando você nas linhas de melodia,

Porque, mesmo longe, meu coração é seu abrigo,

E meu desespero é apenas um reflexo do meu amor perdido.

 

                                                                                       Sofrido das Chagas 

quinta-feira, 3 de julho de 2025

DOUTOR SEM CARTEIRA, HEROI SEM SALÁRIO



Fizeram-nos promessas em uniforme escolar,
“Estuda, meu filho, pra um dia te formar.”
E a gente acreditou, com mochila rasgada e caderno emprestado,
mesmo sem merenda, sem luz, e quadro mal apagado.

A professora dizia: “O saber é poder.”
Mas nunca explicou o que fazer depois de aprender.
Formei-me com média 16 e orgulho da mamã,
e agora distribuo CVs no quiosque da irmã.

Chamam-me "doutor", mas o título pesa como cruz,
porque aqui ser formado não é caminho, é luz que se reduz.
Estudei pedagogia, mas hoje ensino paciência,
esperando um estágio que não peça experiência.

O Wi-Fi do bairro é partilhado por sete quarteirões,
mas uso pra procurar “como montar negócio com tostões.”
Assisto vídeos de motivação entre cortes de energia,
e leio frases de autoajuda com rima e fantasia.

Fizeram-nos jurar que educação seria salvação,
mas esqueceram de mencionar a corrupção.
Na faculdade, vi colegas a pagar por aprovação,
enquanto eu estudava à vela, com arroz de consolação.
Desempregado com diploma emoldurado,
doutor em esperar chamada que nunca foi dada.
Os políticos dizem: “Juventude é o futuro da nação,”
mas só nos lembram quando chega a eleição.

Emprego virou lenda, salário virou piada,
mas seguimos de gala pras entrevistas frustradas.
Vestimos roupa emprestada, esperança colada no peito,
sabendo que no fim o lugar já tem dono perfeito.

O tio diz: “Vai fazer biscato, larga esse orgulho.”
Mas eu olho pro diploma e quase engulo.
Não porque sou melhor que quem vende banana na esquina,
mas porque mentiram pra mim — e a mentira ainda me mina.

Juventude aqui é bicho solto entre desemprego e desilusão,
acordando cedo pra buscar futuro na placa da chamada.
O azul e branco chega lotado, a vida passa sem parar,
e a gente sonha em silêncio pra não atrapalhar.

Mas há ginga na nossa dor, revolta na nossa calma,
cada rima que escrevo é pancada na alma.
Não temos emprego, mas temos voz,
e um grito engasgado que pode explodir veloz.

Porque se não nos dão palco, subimos na mesa.
Se não nos ouvem, falamos com certeza.
Somos geração de memes, mas também de manifesto,
e um dia essa juventude sem medo muda o resto.

Enquanto isso, escrevo CV em Word pirata,
e rezo pra que alguém veja além da gravata.
Doutor sem carteira, herói sem salário,
mas com coração pulsando como batuque revolucionário.


Sofrido das Chagas