Sentir-se abandonado é caminhar no vazio,
Um frio que consome, um silêncio sombrio.
É estar rodeado, mas não ser visto,
Um eco perdido no próprio abismo.
É gritar para o mundo que não ouve tua dor,
É buscar um abraço onde não há calor.
É ter a alma pesada, mas sem companhia,
Um dia que nunca encontra sua luz, sua alegria.
Sentir-se abandonado é ser nau em mar revolto,
Sem porto, sem âncora, sem céu absorto.
É navegar sozinho em águas de solidão,
Carregando no peito um peso sem razão.
Os olhos se perdem, buscando um olhar,
As mãos se estendem, querendo tocar.
Mas tudo ao redor é vazio, é mudo,
Uma ausência gritante que preenche tudo.
E assim a solidão ganha forma e vida,
Se instala no peito, em ferida sofrida.
É o abandono que cresce, raiz invisível,
Transformando o mundo em algo impassível.
Mas há um fio de esperança, ainda que frágil,
Que um dia alguém ouça teu coração ágil.
Pois até na solidão, há espaço para o renascer,
E no abandono, ainda há um querer viver.
Sofrido das Chagas
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