Mãe angolana, de olhar profundo,
Carregas nos olhos o peso do mundo.
Secaram-se as lágrimas, rios de dor,
Ficaram os sulcos de um pranto sem cor.
Choraste na guerra, perdeste teus filhos,
Lutaste na fome, plantaste em solos vazios.
Carregaste no peito um luto constante,
E mesmo ferida, seguiste adiante.
Tua pele queimada pelo sol da savana,
Tua voz silenciada, mas nunca profana.
És o grito mudo de quem já perdeu,
Mas ainda resiste, pois a vida escolheu.
No campo, no lar, és pilar de esperança,
Ainda que o mundo roube a bonança.
És mãe, és terra, és ventre da vida,
Mesmo que a dor te deixe ferida.
Olhos secos, mas cheios de histórias,
De lutas travadas, de duras memórias.
És símbolo eterno de força e coragem,
Mãe angolana, tua alma é miragem.
Mãe angolana, de olhos secos, sem lágrimas,
Teu olhar carrega um silêncio de páginas.
Histórias de dor, escritas no teu peito,
Onde o choro calou, mas o peso é perfeito.
Choraste rios que já secaram no tempo,
Cada lágrima, um grito, um tormento.
Perdeste filhos à guerra, à fome voraz,
E mesmo assim, segues em pé, firme e audaz.
Tuas mãos, calejadas pelo solo ingrato,
Plantam esperança, mesmo em um acto tão inexacto.
Teu ventre gerou vida, teu peito amamentou,
Mas o mundo cruel tua alma desgastou.
Teus olhos não choram, mas falam sem som,
Mostram a luta de quem nunca se domou.
És mãe, és guerreira, és a força do chão,
Um símbolo de vida, de luta e paixão.
No teu silêncio ecoa o grito da nação,
De um povo que sofre, mas guarda o coração.
Mãe angolana, teus olhos são espelhos,
De um amor infinito, de dores e conselhos.
Ainda que o mundo te faça calar,
És poesia viva que insiste em amar.
Mesmo sem lágrimas, tua força reluz,
És mãe angolana, tua alma é uma luz.
E mesmo sem lágrimas, teu olhar persiste,
Pois no fundo da dor, tua luz ainda existe.
És mulher, és mãe, és chama que arde,
Mãe angolana, guerreira sem alarde.
Sofrido das Chagas
Sem comentários:
Enviar um comentário